sexta-feira, 15 de junho de 2018

Quando você começa, Deus começa também!



“As minhas mãos suavam frio e tremiam, minha voz estava um pouco embargada pela emoção de finalmente estar ali me oferecendo para o serviço que tanto desejara.
                Ele me ouviu com atenção e me respondeu pausadamente:
                - Veja bem, minha jovem, infelizmente não poderemos enviar você por algumas razões: já somos responsáveis por alguns missionários e não podemos, no momento, assumir a responsabilidade com mais um. E além do mais, você é ainda solteira ainda e muito jovem. Nós também não costumamos enviar mulheres sozinhas ao campo. Eu sinto muito. Espere um pouco mais, case com alguém que também tenha um chamado como o seu e então, quem sabe, em um futuro próximo, possamos lhe enviar.
                Eu não posso explicar com palavras a dor que senti naquele instante.
                Eu não cabia no orçamento, era mulher, era solteira e era jovem. E isso me desqualificava para fazer a obra que eu há tantos anos me preparava pra fazer. E essa história de precisar de um marido, por quê?
                Fiquei alguns segundos ali, parada, calada, sem saber o que dizer ou o que fazer. Tudo estava muito confuso pra mim naquele instante. E agora? Devia desistir de tudo? Devia insistir com ele? Ou, deveria confiar em Deus, somente Nele, partir só e sem cobertura?
                Eu estava em um daqueles momentos cruciais que todos nós enfrentamos, onde temos que escolher entre o fácil e o difícil, entre retroceder diante da dificuldade ou avançar em direção ao desconhecido. No meu caso, entre partir obedecendo a um mandado do próprio Deus ou ficar porque não me enquadrava no perfil do homem.
                Levantei-me, agradeci por ter me recebido, desculpei-me por ter tomado o seu tempo e me levantei para sair. Antes, porém, de abrir a porta, disse-lhe:
                 - Pastor, eu lamento não me enquadrar no seu perfil, mas acredito piamente que me enquadro no perfil do meu Senhor Jesus, porque do contrário Ele não teria me chamado. Aquele povo que eu ainda desconheço me aguarda e eu irei.
                - Muito bem, vá, que Deus te abençoe e faça uma boa viagem.
                Saí de lá muito triste. Não entendia porque tudo aquilo estava acontecendo, pensei que eu iria me apresentar como candidata ao campo missionário e seria alegremente recebida, apresentada à Igreja e enviada ao campo.
                 Lá fora encontrei um irmão que já sabia do que seria tratado na reunião, e ele ao ver-me com os olhos úmidos, tratou logo de me consolar:
                - Não fique assim Kelem. Logo, logo você casa com alguém que tenha chamada missionária, e vocês junto partirão para o campo.
                - Não, meu irmão. Eu não vou procurar homem algum, chamado ou não, sabe por quê? Porque eu já recebi o chamado de Deus. E Ele me chamou mesmo sabendo que eu sou mulher e sou solteira. Eu não tenho culpa se o critério do homem é diferente do critério de Deus. E eu não sei de que maneira, mas eu irei ao campo missionário. Em nome de Jesus.
Se eu desistisse por falta de apoio é porque nunca teria sido digna do chamado que recebi.

                Hoje eu compreendo o meu pastor e entendo que ele foi usado por Deus para me ensinar como Ele queria que fosse o meu ministério: baseado unicamente na confiança na capacidade provedora de Deus. O meu chamado deveria ser provado para que a minha fé fosse fortalecida.”

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